"Tenho Úlcera"

O que é uma úlcera ?

As úlceras ocorrem principalmente no estômago e no duodeno e causam sintomas como dor em queimação na região epigástrica, que piora durante o jejum e melhora com a alimentação. Alguns pacientes podem apresentar perda do apetite e emagrecimento. Outras queixas comuns são a “sensação de vazio no estômago”, o “empachamento”, a “azia” ou o “enjôo”. Muitas vezes, a primeira manifestação pode ser uma complicação, como o próprio sangramento, uma obstrução ou a perfuração do intestino delgado.

Como é a relação da dor com a alimentação

É dor típica da úlcera péptica duodenal. Trata-se de uma dor rítmica e periódica. Diz-se rítmica em relação à alimentação, no sentido de os alimentos aliviarem ou suprimirem a dor. Fala-se então, que a dor obedece ao ritmo. Quando nos chega um paciente com queixa de dor epigástrica é extremamente importante reconhecermos a sua relação com o alimento para localizarmos sua lesão.

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Caracteriza as úlceras gástricas, não sendo incomum que a dor volte mais precocemente do que na úlcera duodenal.

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As dores das úlceras duodenais são dores periódicas. Isto quer dizer que, percorrido um período de dor da ordem de 10 a 15 dias, a dor desaparece, para reaparecer meses ou muitos meses após. Além do que é típico, existem sintomas associados, determinados por fisiopatologias diversas, tipo pirose epigástrica (“queimação” epigástrica), “cãibra” do estômago, “dor de fome”, “eructações e pirose retroesternal”.

Localização Da Dor

A localização das dores das úlceras pépticas gastroduodenais é tipicamente epigástrica. São dores contínuas de intensidade variável, não em cólica. Tais dores, embora tenham predileção pelo epigástrico, podem deslocar-se em direção ao hipocôndrio e raramente ocupam a região dorso-lombar. A palpação profunda do abdome é freqüente, no caso das úlceras pépticas gastroduodenais, e a região epigástrica é efetivamente dolorosa! As principais complicações das úlceras pépticas gastroduodenais são:

Hemorragias

Estenoses

Perfurações

Os sangramentos variam de grau, desde pequenos e “ocultos” pelas das fezes, a hematêmese e melena. O diagnóstico precoce é feito com a endoscopia digestiva alta. Mas, apesar desses avanços, as hemorragias das úlceras gástricas e duodenais continuam sendo causas mais comuns das hospitalizações.

O tratamento clínico atual para úlceras pépticas hemorrágicas inclui restauração de volume, estabilização hemo-dinâmica e correção de coagulo-patia. O exame endoscópico é parte importante do tratamento na maioria dos casos. As estenoses, no seu limite máximo, são essencialmente cicatriciais e, antes dessa fase, passam por períodos inflamatórios reversíveis. As perfurações ocasionam o abdome agudo na apresentação clássica do “abdome tábua”.

O QUE LEVA AO APARECIMENTO DAS ÚLCERAS

Em nosso país, há uma tendência cada vez maior de se desenvolverem doenças no tubo digestivo, tendo em vista o estresse pela competitividade, a vida nas grandes cidades, a violência, o trânsito nas capitais e pela própria alimentação.

Hoje, são inúmeros os quiosques de comidas e refrigerantes espalhados por todos os cantos das cidades, as lanchonetes e pizzarias instaladas nos shoppings e nas regiões de grande fluxo da população. É o hábito crônico de tomar refeições às pressas, muito temperadas, que leva o aparecimento de gastrites, úlceras gástricas e duodenais e, a longo prazo, o câncer.

Há poucos anos foi descoberta a bactéria denominada Helicobacter pylori (HP), nome final que lhe foi dado em 1989. As pesquisas sobre essa bactéria não param de ser produzidas, tal a importância que veio adquirir como agente causador das gastrites e da úlcera gástrica. Essa bactéria é encontrada em todo o mundo, infectando pessoas de todas as idades, sobretudo as de baixo nível socioeconômico e pouca higiene, podendo ser transmitida das mães para os filhos.

Uma solução inteligente antes de fazer a automedicação, por exemplo, de antiácidos paliativos, é procurar um médico. Os recursos da medicina permitem com toda facilidade diagnosticar a condição, identificar a bactéria e com o tratamento adequado acabar com o problema.

Estilo de vida e fatores de risco

Enquanto evidências científicas refutam a velha crença de que o estresse e ou a dieta podem causar úlceras, muitos fatores continuam suspeitos de serem desencadeantes ou tomarem parte do processo etiopatogênico. Neles incluem-se os cigarros, alimentos e bebidas que contém cafeína, álcool, além do estresse físico.

Tratamento Clínico Da Úlcera Péptica

O tratamento da úlcera péptica visa aliviar a dor, promover e acelerar a cicatrização das úlceras gástricas e duodenais, e prevenir as recorrências e complicações. Os pacientes devem evitar todo e qualquer alimento que provoque dor, devem comer frequentemente e evitar bebidas como álcool, café e chás. Em alguns casos, é necessário a psicoterapia ou o emprego de tranqüilizantes. 

O fumo deve ser abandonado, bem como certos medicamentos como ácido acetilsalicílico, esferóide antiinflamatório não hormonal, e corticóides.

Quando é necessária a cirurgia?

A imensa maioria das úlceras é tratada através de medicamentos. Quando são necessários múltiplos tratamentos sem sucesso ou existem complicações como sangramento constante, perfuração ou obstrução, a cirurgia é cogitada.

Cuidados de Enfermagem

Orientar e oferecer refeições pequenas e freqüentes, observar e anotar aceitação da dieta;

Orientar e ajudar a modificar os hábitos alimentares e a postura do corpo;

Orientar que o cigarro, café, álcool, alimentos gordurosos, doces concentrados (especialmente o chocolate) devem ser evitados;

Promover uma atmosfera compatível com o repouso físico e mental;

Monitorar sinais vitais;

Ajudar o paciente a compreender a natureza crônica e duradoura de seu problema e o papel que pode desempenhar para controlá-lo;

Ajudar a evitar situações que gerem ansiedade;

Orientar para não ingerir medicamentos que irritam a mucosa gástrica, somente as com orientação médica. A prestação de cuidados de enfermagem enfatiza a continuidade de cuidados, o planejamento, a educação e o suporte a doentes e familiares. Os enfermeiros prestam, coordenam e avaliam cuidados de saúde em colaboração com uma equipe multidisciplinar.

Importante

Como característica comum e básica, a falta de controle emocional como carinhos, cuidados e afetos e a incapacidade de expressá-la, bem como a agressividade, decorrem as ulcerações. É interessante ressaltar a melhora que os estados depressivos trazem à úlcera. Os estados de tensão muito prolongados originam lesões graves em vários órgãos. As piores são ansiedade, frustração e ódio, capazes de produzirem úlceras gastroduodenais, arteriosclerose e hipertensão arterial.

Conselhos para o Estômago

Alimente-se devagar, mastigando bem os alimentos;

Obedeça aos horários certos para as três refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar).

 Não é necessário se alimentar a cada três horas, em alguns casos.

Evite tomar ácido acetilsalisílico e antiinflamatórios em geral, pois eles irritam a mucosa do estômago;

O fumo dificulta a cicatrização da úlcera. Evite fumar;

Tenha bom senso ao consumir frituras (como pastel, batatas fritas e coxinha) gorduras (lingüiça, por exemplo), condimentos (picles, pimentas, entre outros), 

sucos e frutas cítricas (como abacaxi, laranja e limão), 

bebidas gasosas e alcoólicas (refrigerantes, champanhe, cerveja, caipirinha, entre outros). Se seu estômago reclama desses alimentos, evite-os;

Não leve uma vida sedentária. Faça exercícios, pois eles ajudam a aliviar a tensão, que é uma das causas de dor e má digestão.

Combater o estresse

1) Procure fazer pequenas pausas no trabalho para exercícios de relaxamento. Exemplo: respire profunda e lentamente, inspirando somente pelo nariz, segurando o ar por cinco ou sete segundos e soltando o mais lentamente que conseguir, pela boca. Repita três vezes. Na sequência, contraia os músculos do corpo, mantendo-os contraídos por cinco segundos e soltando abruptamente. Isso o ajudará a aliviar as tensões acumuladas;

2) Se não puder tirar férias regulares, procure reservar alguns períodos da semana para o lazer;

3) Procure um hobby, algo que goste de fazer e permita-se relaxar. Brinque e divirta-se;

4) Faça exercícios. As atividades físicas reduzem a tensão, ajudam a dormir, liberam as emoções reprimidas e também fazem esquecer as preocupações do dia-a-dia;

5) Procure alguém para conversar e desabafar. Não guarde todos seus problemas para você;

6) Cuidado com a tirania dos “devo” ou “preciso”. Evite falar consigo mesmo em termos de devo fazer isso ou aquilo. Prefira a expressão eu prefiro ou eu quero fazer. Evite críticas e cobranças;

7) Não fique muito tempo sem comer. Nunca saia de casa sem um café da manhã. Nos intervalos, coma uma fruta;

8) Evite estimulantes como cafeína (café e bebidas com cola);

9) Pare de fumar e evite o consumo de álcool. Isso também contribui para a prevenção de uma série de outras doenças como hipertensão, dor de cabeça, artrites, entre outros;

10) Estabeleça prioridades e permita que outros se responsabilizem das tarefas. Ficamos tensos quando sentimos que tudo depende de nós. O cuidado e o cuidar estão presentes em todo o processo de desenvolvimento das pessoas. Aos enfermeiros cabe uma parte deste cuidado que se lida com a vida. É dela que queremos cuidar e mesmo quando ela se vai, ainda assim estaremos cuidando do corpo, zelando pela dignidade humana. Desta maneira, cuidar da vida humana é uma contínua e interminável ação, de certeza, e de convicções. O enfermeiro tem muito que ensinar, muito que aprender e muito a desenvolver, mas nunca esquecer que pode e deve fazer o cuidado de ser humano a outro ser humano!

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