DENY FISICNUTRI

DENY FISICNUTRI

24 de novembro de 2012

Falta de exercícios musculares pode causar incontinência urinária



“Sinto uma quentura no meio das pernas e descubro que me mijei toda.Que vergonha meu Deus,que vergonha.Será que alguém percebeu?” Este relato é de Laura,uma personagem criada pela escritora e jornalista Eliane Brum na obra literária Uma Duas.


Laura é ficcional, mas a situação de perda involuntária de urina é algo mais real e comum do que se pode imaginar.


De acordo com Camila Teixeira Vaz, fisioterapeuta (especialista em saúde da mulher e mestranda em reabilitação pela Universidade Federal de Minas Gerais), a incontinência urinária, perda involuntária de urina, se dá devido ao enfraquecimento do músculo do períneo.


Camila Vaz compara o períneo a uma rede de balanço, destas que se penduram de uma parede à outra, esta pequena rede muscular se estende do púbis ao cóccix e sustenta a bexiga, o útero e o intestino. A fisioterapeuta explica que embora o enfraquecimento dos músculos de uma maneira geral, seja característica do envelhecimento este problema pode acometer qualquer faixa etária tanto em homens quanto em mulheres, porém o sexo feminino é mais susceptível devido uma série de fatores de riscos. A fisioterapeuta destaca fatores tais como:


· Mulheres que tiveram várias gestações; por ser responsável pela sustentação do útero o períneo se sobrecarrega muito quando há aumento de volume desse órgão. Por isso, as grávidas têm muita predisposição para incontinência urinária. Assim, é recomendado um programa de exercícios para gestantes tanto para que elas evitem a perda de urina durante a gravidez tanto para prepará-las para o parto normal evitando a lesão da musculatura na hora do parto;


· Mulheres na fase da menopausa; devido à baixa de estrogênio a região da uretra fica menos vascularizada, permitindo uma abertura maior do canal da urina, por isso quando a mulher tosse ou espirra ela acaba perdendo urina;


· Pacientes que fizeram cirurgias pélvicas que manipularam muito a região do períneo, como por exemplo, a retirada do útero;


· Atividades físicas ou ocupacionais de grande impacto, como por exemplo, jogadoras de vôlei que saltam bastante e impactam o músculo do períneo ou como os cuidadores de idosos que precisam fazer bastante força ao carregar peso;


· Pessoas que fumam ou que tenham problemas respiratórios, devido tosses e espirros frequentes;


· Quem tem constipação intestinal por fazer muita força na hora de evacuar acaba enfraquecendo a musculatura do períneo.



Uma área esquecida

Para a mestranda a influência cultural é algo que interfere muito na relação com o corpo. Exemplifica que se acaso uma menina colocar a mão na região genital, logo a mãe a repreende. “As mulheres são orientadas a esquecer os músculos da região do períneo”, destaca


A perda involuntária de urina passa a fazer parte da rotina destas mulheres por esquecerem o períneo e por desconhecerem a existência de tratamento fisioterápico. “Às vezes por desconhecimento mesmo, por acreditarem que perder urina seja normal, ou por ter vergonha em relatar isto ao médico”, afirma a fisioterapeuta


Sorridente a dona de casa Joana Aparecida Soares, 47 anos, sente-se grata à ginecologista que a encaminhou para o serviço de fisioterapia. Joana relembra que evitava sair de casa e por muito tempo, cerca de dez anos, alterou sua rotina “Tinha medo de ir ao Centro da cidade por ser difícil encontrar um banheiro,” Bastava esforços como carregar as compras do sacolão “chegava em casa toda molhada,fora que a gente se sente toda fedendo”. Joana realiza os exercícios fisioterápicos há seis semanas [contadas até o dia da entrevista 7/11/11] e já sente os resultados ”Hoje saio mais. Antes eu não tinha alegria, se eu risse, já estava perdendo urina.”


Segundo Camila Vaz, a maioria das mulheres que buscam atendimento fisioterápico é encaminhada por médicos que já sabem da atuação da fisioterapia na saúde da mulher, no entanto alguns médicos ainda não conhecem o tratamento através de exercícios, por ser algo muito novo na história da fisioterapia.


O aperto


Na hora daquela vontade incontrolável de ir ao banheiro nada adianta apertar e mover as pernas, um tipo de dancinha, que a maioria das mulheres fazem quando precisam aliviar a bexiga. A fisioterapeuta explica que só a contração adequada da musculatura perineal é capaz de segurar a urina, assim como as fezes e os gazes.


Bons Hábitos

Camila diz que além do fortalecimento muscular é preciso bons hábitos urinários. Dentre eles, Vaz enfatiza a necessidade de ingestão mínima de um litro e meio de água. As pessoas também devem se atentar ao intervalo de se ir ao banheiro, quem toma um litro e meio a 2 litros deve ir pelo menos de 3 em 3 horas. “Não podemos passar longos períodos sem ir ao banheiro e nem ir em curtos intervalos, pois a bexiga precisa estar cheia. Ela precisa cumprir a função de armazenar líquido,” orienta


Letícia Maria Salgado, 57 anos, agente comunitária de saúde, considera estas orientações muito importantes “Estes cuidados desde cedo deveriam ser ensinados para as meninas nas escolas”. Letícia conta que só passou a ter um controle das idas ao banheiro depois de ter consultado com a fisioterapeuta. E descobriu que estava com a bexiga mal educada.


Outro cuidado orientado pela mestranda se refere à ingestão de alguns alimentos “Algumas substâncias são irritantes à bexiga, uma delas é o café e a outra é refrigerante.” A fisioterapeuta acrescenta que a cafeína é estimulante à bexiga, por isso, deve-se ter cautela ao ingeri-la, pois o excesso estimulará a pessoa ir mais ao banheiro.




Exercitando


Para se fortalecer o períneo, de uma maneira geral, explica Camila, “os exercícios são apertar a vagina e o ânus, como se fosse segurar a urina ou um gás. Sente-se o ânus e a vagina apertando ‘entrando para dentro do corpo.’ O movimento é como se fosse uma elevação em sentido cranial.”

Orientação profissional


A mestranda alerta sobre estudos que mostram que mesmo após as primeiras orientações do fisioterapeuta 30% das mulheres na primeira consulta não conseguem contrair a região do períneo adequadamente “É um número alto de mulheres que não sabem trabalhar esta região”, conclui.


  Juliana Cristina Silva

JORNALISTA


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